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Floriano Serra

Coluna "Em Família"

Cabo de Guerra III - O clima familiar

André Pessoa

Em um dos e-mails que recebi de leitores do Portal da Família, uma mãe perguntou: “Como poderei ser uma mãe justa, sem ser odiada pelo meu filho?”.

Essa mãe nos relata a contradição de dois papéis importantes dos pais, também estudados por Enrique Martín López (*).

O primeiro deles, “ser justo”, significa oferecer ao filho algo que sabe ser seu direito, ou seja, formá-lo em virtudes e ensinar valores. Essa mãe, embora se sinta impotente, tem consciência que a educação do caráter é sua responsabilidade.

O segundo elemento é o clima de tensão familiar. Alguns atribuem os conflitos familiares ao choque de gerações, outros à fase de “aborrecência”, em alusão à adolescência, ao que os filhos retrucam ser a fase em que os pais ficam impossíveis.

A família que consegue gerenciar adequadamente este binômio vive um clima Harmônico. É comum, por exemplo, que haja muita harmonia e um ambiente familiar brando quando os filhos estão na infância, conhecida como a idade de ouro, pois os pais conseguem educar sem gerar muitos conflitos.

Quando os filhos avançam em idade, a tensão familiar aumenta por força de um ambiente permissivo e do processo de amadurecimento e auto-afirmação. Crescer em virtudes demanda tanto esforço como o ginasta que só melhora com muita prática e suor. As crianças resistem a tal esforço. Muitas vezes ter valores significa “pagar mico” junto aos amigos. Quando os pais passam a impor com autoritarismo, o clima passa a ser Repressivo (1).

Para reduzir a tensão familiar, os pais acabam relaxando e a educação do caráter dos filhos passa para segundo plano. A própria família torna-se Permissiva, a grande maioria das famílias nos dias atuais (2).

Seja qual for o clima familiar, os pais que educam valores e virtudes são pais fortes, guerreiros, investem na formação do próprio caráter e procuram cursos e leitura sobre educação de filhos. Atentos, colocam em prática o que aprendem, e educam os filhos.

Pais “Light” são virtuosos de berço, provavelmente formados por pais Fortes. Andam muito sobrecarregados com outros assuntos, não buscam aperfeiçoar o próprio caráter nem formar-se em educação de filhos. Pensam que podem delegar a tarefa da educação do caráter ao colégio ou ao cônjuge. Quando os filhos apresentam problemas, se surpreendem e se perguntam onde erraram.

Pais Fracos, provavelmente filhos de outros pais Fracos, não são virtuosos de berço. Bem intencionados, tentam buscar ajuda, mas perdem eficácia por falta de preparo. Não sabem por onde começar nem como atuar. Vêem que seu filho vai mal e tendem ao desespero.

Os pais Indiferentes são provavelmente filhos de pais “Light” e alienados na formação de virtudes e valores dos filhos.

Para sair da situação Permissiva, os pais devem passar a priorizar a educação de virtudes e valores, mesmo que isso signifique o aumento da tensão familiar (3). Se o ambiente é permissivo, que empunhem com coragem e firmeza o cabo de guerra... e lutem.

Em uma palestra do psicanalista Dr. César Ibrahin no colégio de meu filho, ouvi o seguinte: “Em 5% das situações teremos certeza de que devemos dizer não aos nossos filhos. Em 5% teremos certeza que podemos dizer sim aos nossos filhos. Em 90% estaremos na dúvida, então digamos não.” Pois a vida é complexa e demanda esforço para ser vencida. Uma das atribuições dos pais é simular a vida neste sentido, complicar um pouco as coisas para os filhos, de tal forma que eles aprendam a se superar.

Para reduzir a pressão familiar não há outro modo senão conquistar o prestígio perante os filhos (4) sem ceder para “comprar” a simpatia deles. Quem constrói o prestígio dos pais é principalmente o cônjuge. Eu elogiarei e darei força à minha esposa frente aos filhos, e vice-versa. Essa união é imbatível.

A família Harmônica é possível quando os pais estão bem orquestrados, têm prioridades comuns de formação de caráter dos filhos, buscam formar-se adequadamente para serem bons pais, estão atentos aos filhos... e atuam.

Qual será o perfil da sua família? Quadro explicativo.

(*) Pais Light, ISBN 84-321-2917-8


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Este artigo faz parte de uma série de textos intitulados Cabo de Guerra, de André Pessoa

Veja também:

Cabo de Guerra I - O Ambiente Externo

Cabo de Guerra II - O Valor da Família e do Matrimônio

Cabo de Guerra III - O clima familiar

Cabo de Guerra IV - Dinâmica de Guerrilhas: Antecipar-se

Cabo de Guerra V - Carteiras de Investimento

 

Ver outros artigos da coluna


André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture.
e-mail: andre.v.pessoa@gmail.com

Publicado no Portal da Família em 22/11/2010

 

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