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POR QUE SOU CONTRA AS PESQUISAS DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS
Edson Noda

Não me lembro se li ou ouvi, nem se era sobre um livro ou um filme. Mas lembro-me vagamente o seu enredo: era o drama fictício de um casal que tinha sobre si o peso da decisão de aceitar ou não o sacrifício de seu filho, pois uma pandemia atingia o planeta e a cura da doença estava no sangue desta criança. Era urgente a necessidade de se produzir uma vacina em massa e, para que isso fosse possível, a solução era retirar todo o sangue da criança, causando inevitavelmente a sua morte. Não é difícil imaginar a angústia e o desespero dos pais diante de uma situação tão cruel. Não sei o final da história, mas sei que eu não teria coragem de entregar um filho para a morte. Egoísmo? Pode ser. Eu chamo de instinto paterno.

Tenho dois filhos, um com treze anos e o mais novo com seis. Quando ainda desconfiávamos da primeira gravidez de minha esposa, o fato de não termos planejado nem estarmos preparados materialmente para tamanha responsabilidade nos deixava muito aflitos. Mas ao mesmo tempo crescia em nós um sentimento de afeto por um ser que nem tínhamos certeza da existência. E quando recebemos a confirmação da gravidez, a insegurança foi rapidamente substituída pelo amor.

Outra situação interessante foi o de uma falsa gravidez, quando o ciclo menstrual de minha esposa atrasou e ela passou a ter vários sintomas de gravidez. A nossa situação era bem mais difícil do que quando tivemos nosso primeiro filho, mas quando a menstruação veio atrasada, mais do que a sensação de alívio foi a frustração pelo nosso bebê que não existia.

Acredito que os laços afetivos que unem pais e filhos são tão ou mais fortes quanto os laços biológicos. Se pudéssemos acompanhar o exato momento da fecundação do óvulo dentro do útero da mulher, haveria como não amar e não querer proteger aquela nova vida? Haveria como não considerar o embrião como um filho? Haveria como não acreditar que este filho já possua uma alma?

Para quem acredita que a vida humana não é apenas um fenômeno biológico, mas também espiritual, vale a pena refletir sobre o momento que se inicia a vida espiritual: na fecundação do óvulo com o espermatozóide, ou em qual outro momento? Se a vida espiritual se iniciar na fecundação, o que acontece ao espírito de um embrião congelado? E as pesquisas com células-tronco embrionárias não seriam o mesmo que, comparativamente, sacrificar a vida de alguém por ele conter em seu sangue a chave para a cura do câncer? Pois o embrião já não será apenas um conjunto de células, mas um conjunto de células com alma.

Pense em uma criança que você ame muito. Vá regredindo no tempo, imaginando-a recém-nascida, depois dentro do útero da mãe, depois como feto até chegar ao estado embrionário. Nesse estágio da vida você teria coragem de impedir seu desenvolvimento? Você entregaria esta futura criança para experiências?

A diferença entre os embriões fecundados naturalmente e os fecundados em laboratório seria apenas nos métodos utilizados. A essência da vida está lá, como prova do milagre de Deus. Todo embrião é uma futura criança. E todo embrião possui um pai e uma mãe. Poderiam até ter um nome, por que não? Se existem milhares de embriões congelados pelo mundo afora, foram pelo desejo inocente de casais que querem  ao menos um filho, sem se darem conta de que para alcançarem este objetivo, vários outros filhos seriam descartados ou congelados. É a Ciência a favor do lucrativo negócio da inseminação artificial que, aproveitando-se do desejo natural de casais com dificuldades para terem filhos, impedem que milhares de crianças órfãs sejam adotadas.

Quando a Ciência introduz os embriões em útero materno ela está agindo em prol da vida, mas a partir do momento em que os congela e faz experimentos, a Ciência ruma por caminhos nebulosos. Os fins não devem justificar os meios, pois existem outros campos de pesquisa que utilizam células adultas. Os defensores das pesquisas com embriões qualificam os opositores como obscurantistas, retrógrados, medievais e tantos outros adjetivos, e se justificam por considerarem ser o caminho mais promissor e mais correto para a cura de diversas doenças. Ser o caminho promissor não significa ser o caminho correto. A Ciência não é dona da verdade, e deve respeitar o limite da ética e da moral. Mas qual é este limite? Em minha opinião, é o respeito à integridade física, moral e espiritual de qualquer ser humano. Mesmo que seja apenas um singelo embrião.

Por uma causa que acreditamos ser justa, nós sacrificamos animais para pesquisas científicas. Começaremos a sacrificar nossos semelhantes, ainda que no princípio da vida, por essa mesma causa?

Os futuros Paulinhos, Jorginhos, Aninhas, Claudinhas poderão salvar nossas vidas. Menos as deles próprios....

 

Edson Noda - Amparo/SP

Abril/2008

 

Publicado no Portal da Família em 26/05/2008

 

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