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Encontros com a Vida

por Sílvio Reda *


Descobrimos, ao longo do tempo, que a vida é breve. Exatamente no meio desse contraste: de descobrir no muito o pouco que temos. A vida é assim, repleta de distorções e quem não consegue viver desse modo, no ambiente ambivalente das contradições, acaba ele mesmo, por si próprio, distorcido.

Vivemos desse esforço inaudito de procurar trazer as situações extremas para a harmonia de um espaço mediano e tranqüilo. De agrupar os desmandos extremos e incompreensíveis da vida em uma realidade plausível e controlável da existência.

Vivemos essa inquietação de estarmos obrigados e conectados a um padrão exaustivo e competitivo de vida, nessa regra quase absoluta do corre-corre para tudo. Estamos perdendo o hábito da calma, da contemplação nos empurrando para dentro de uma panela de pressão sem sabor e sem gosto atraentes e recompensadores. Estamos deixando de lado aquele jeito brando, simples e dotado daquela esperança que só os sensatos conseguem enxergar.

Vivemos nessa iminência de sermos sempre cobrados, questionados a respeito do que fazemos ou deixamos de fazer e com aquele receio de não estarmos devidamente preparados para cumprir e responder a estas solicitações. Nos convenceram de que não basta ser o melhor, mas o melhor dos melhores. E o pior e que acreditamos nisso.

Somos alunos relapsos, mas também somos esforçados. O que nos falta, às vezes, é mesmo um melhor material escolar. Falta-nos a borracha para apagar o passado, o lápis para fazer as tarefas do presente e o quadro amplo para antever as lições que nos aguardam no futuro para nosso engrandecimento e melhoria.

Vivemos essa coisa de nos sujeitarmos a corresponder a um padrão preestabelecido para atender irrestritamente às exigências de um modelo maior sem nos darmos o luxo de sermos apenas aventureiros a passar por esta vida, caminhando pacífica e destemidamente, rumo a um desconhecido ainda maior. Somos todos cúmplices dessa vida padronizada que de bonitinha, às vezes, tem só a aparência.

Temos essa simpatia doentia e maliciosa pela mediocridade. Temos essa obediência cega à lei do menor esforço. Preferimos, forçosa e artificialmente, nos aquietar ante a inquietação do que nos inquietarmos para superarmos essa mesma irresignação. Essa mania, essa propensão de nos esforçarmos ao máximo para nos empenharmos ao mínimo na busca do que desejamos alcançar.

Não raro passamos o dia, desde que colocamos os pés no chão, a carregar pedras e mais pedras. E ao final do dia quando esperávamos, sincera e ansiosamente, por nos deparar com a construção de um enorme edifício vermos, apenas, cascalhos que mal dão para levantar uma simples parede. E vem então aquele sentimento de frustração e fragilidade ante as coisas da vida.

Contudo, por mais imperceptível que pareça, estamos evoluindo. Cada qual vem dando a sua contribuição. Cada um de nós, apesar de tudo, vem colecionando, ao longo da vida, bons atos, atitudes renovadoras e corajosas. Cada um de nós vem sendo um competente cirurgião operando diligentemente os males do mundo. Pode parecer pouco, mas pouco, na verdade, só parece. Temos feito muito e muito temos feito.

Lidar com as ambivalências nos custa uma vida interira. Servir sem se tornar um serviçal. Pedir auxílio sem se tornar um estorvo, um empecilho ao outro. Dar sem esgotar a possibilidade de dar novamente. Falar sem interromper a necessidade de ouvir. Ser sem prejudicar ou impedir o direito dos outros ao mesmo crescimento e desenvolvimento. Compreender priorizando a necessidade de a si próprio por si mesmo conhecer. Aprimorar-se sem perder o senso básico e prático da simplicidade. Avançar detendo-se somente ante o essencial. Criar e sustentar-se desenvolvendo o atributo da mútua cooperação. Libertar-se cercado pelo consenso da responsabilidade. Perceber que a fé remove montanhas, mas que uma só montanha de pensamentos desordenados é capaz de nos imobilizar. Ousar, pois viver é o que de melhor se tem a fazer. Dar a si a oportunidade e a vantagem de encontrar-se em si mesmo. Controlar-se sem perder a ousadia de arriscar. Aguardar com esperança sem cair na facilidade cômoda da desistência. Progredir sem perder a noção da caridade. Encontrar um caminho para que no caminho te reencontres. Não perder de vista a vista das grandes possibilidades. E amar-se para que o amor que temos por nós repercuta também em amor pelo próximo.


 


A Fernanda Melchior Griggio, a mulher amada que reuniu em mim todas as possibilidades e realidades de crescimento e prosperidade. Juntos somos uma força de uma luz irresistível.



* Sílvio Reda é advogado em Porto Alegre, especializado em direito do consumidor.
email: beckreda@yahoo.com.br

 

 


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