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Explicadeiras e entendedeiras

Pe. Paulo M. Ramalho

Vocês já repararam como é difícil as pessoas entenderem o que nós falamos? Isso é assim porque somos seres complexos; requer-se uma boa dose de engenho para que haja um entendimento.

Lembro-me de um santo que, a respeito do relacionamento humano, dizia que existem as “explicadeiras e as entendedeiras”. Dizia que precisávamos estar atentos a essas duas realidades. Que quando falamos algo para alguém, principalmente no que diz respeito ao seu comportamento, essa pessoa entende muito pouco da primeira vez. Que é preciso repetir várias vezes uma ideia para que se chegue à plena compreensão. Não só as pessoas absorvem pouco uma ideia nova como também a sua absorção depende das “explicadeiras”. E, se se juntam   más explicadeiras com más entendedeiras, a situação fica bastante complexa.

O que podemos tirar dessa consideração deste santo?

a) Em primeiro lugar, que precisamos nos armar de uma boa dose de paciência para o diálogo humano.  

Há pessoas que não sabem ter essa paciência. Irritam-se porque já explicaram duas, três vezes a mesma coisa e não houve resultado. Muitas vezes, será necessário falar não só duas, três vezes, mas dez, vinte vezes a mesma ideia.

Não nos devemos assustar com a complexidade do ser humano. A sua complexidade não deve ser motivo de aborrecimento, mas de um olhar de admiração perante uma riqueza. Quanto mais complexo é um ser, mais rico ele é. Mais desafiador també m.

b) Em segundo lugar que, tendo em mente que precisaremos repetir muitas vezes a mesma ideia, é muito importante saber repeti-la com graça e simpatia, e no momento adequado. Como somos complexos, não gostamos de ouvir o barulho da mesma campainha. É preciso, portanto, saber repetir de formas diferentes, usando imagens diferentes, empregando outras palavras etc. De fato, é uma arte. Por isso, precisamos pôr a nossa cabeça para funcionar. Não se lida com o ser humano de bate-pronto.

Mesmo que falemos de forma diferente a mesma ideia, há també m  sempre o momento oportuno, o kayrós, para falar. Mais uma vez, precisamos de muita paciência para saber falar na hora certa. Muitas vezes teremos de esperar um pouco mais. Não tem importância. Tudo tem o seu momento.

c) Em terceiro lugar, que nunca será demais aprimorar as nossas “explicadeiras”.  

Às vezes achamos que nossas explicações são fantásticas, que as pessoas têm  obrigação de entender o que estamos falando. Mas, a bem da verdade, muitas vezes nossas explicações são bastante falhas. Em geral, nossas explicações são baseadas na nossa cabeça e não na cabeça das pessoas. No fundo, são explicações para nós mesmos.

Encaremos o ser humano como um desafio apaixonante! Vejamos na sua complexidade a sua riqueza e não a fonte para mim de aborrecimentos.

Alguém dirá: mas o que fazer quando as pessoas não querem ouvir? Primeiro eu direi que sempre podemos falar com mais amor e o amor abre os corações. Depois, que rezemos, pois a oração é uma arma extraordinária para amolecer os corações.

Peçamos a Deus que nos ajude a aumentar a cada dia a nossa capacidade de dialogar com o ser humano! Quantos bens virão daí!!!

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Pe. Paulo M. Ramalho é Sacerdote ordenado em 1993. Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica da USP; doutor em Filosofia pela Pontificia Università della Santa Croce; Capelão do IICS (Instituto Internacional de Ciências Sociais).

Site: http://www.fecomvirtudes.com.br

Publicado no Portal da Família em 18/05/2015

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