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Floriano Serra

Coluna "Comportamento & Qualidade de vida no trabalho"

OS PARAFUSOS DE TODOS NÓS

Floriano Serra

No passado, quando alguém queria insinuar que outra pessoa fez algo de errado ou descabido, se dizia que ela estava “com um parafuso frouxo” ou que  estava “com um parafuso a menos”. Não sei se essa expressão ainda é usada hoje em dia, mas é adequada para a mensagem que quero passar neste artigo.  Primeiramente, convido o leitor a compartilhar de algumas premissas, algumas das quais, desculpem,  considero incontestáveis:

Ninguém é perfeito. O ser humano, com todas as suas vulnerabilidades e limitações físicas, culturais, mentais, emocionais e outras – e ainda que atuando no trabalho com o melhor dos esforços e intenções - está sempre sujeito a fazer obras incompletas, incorretas ou equivocadas. Basta lembrarmos da grande quantidade de “recalls” que têm sido anunciados. Certamente todas as pessoas têm potencial para constantes aperfeiçoamentos, minimizando o risco de erros  – e é justamente a busca incessante desse crescimento, com esforço, persistência e comprometimento, que constitui uma das mais valiosas competências humanas e, ao mesmo tempo, um dos mais estimulantes desafios da vida.

Ninguém erra porque quer. Pelo menos no que se refere a profissionais de verdade, precisamos acreditar que nenhum erro eventual é voluntário e consciente. Quase sempre o erro eventual acontece quando se busca o acerto – e, neste caso, não merece punição, mas orientação. Também de pouco resolve “chorar sobre o leite derramado”. Uma vez ocorrida a falha, a busca de culpados é uma inútil e improdutiva perda de tempo, geradora de enormes desgastes emocionais, que, além de não trazer soluções práticas para a correção, ainda compromete seriamente a qualidade das relações interpessoais dos envolvidos. Nessas circunstâncias, seria injusto atribuir a causa do erro eventual  à ”falta de um parafuso” em algum.colega.

Também se aprende com os erros. A maioria dos erros no trabalho traz consigo prejuízos de várias naturezas e valores, causando à empresa perdas significativas e preocupantes, para as quais devem ser encontrados e adotados procedimentos corretivos e preventivos. Mas também é importante não perder de vista as lições que tais erros trazem. Qualquer que tenha sido sua causa, muito provavelmente o erro só aconteceu porque algum procedimento preventivo deixou de ser adotado. Muita reflexão resultará dessa inconveniente, mas “eficaz” lição. Aliás, lições aprendidas com os erros quase sempre representam bons “apertos em parafusos”...

Ninguém vence sozinho. Sobretudo nos dias de hoje, não faz mais sentido falar-se em resultados sem pensarmos em equipe. O resultado de qualquer  trabalho é conseqüência de uma sucessão de ações e procedimentos coletivos e em cadeia. Se um desses elos se rompe, o sucesso ou o fracasso deve ser atribuído ao coletivo, não ao individual. Por isso, vitórias e derrotas devem sempre ser compartilhadas. Ao profissional que ainda acredita poder vencer o “jogo” sozinho – a este, sim, deve faltar um monte de parafusos ou bons apertos neles...
 
Ninguém tem o monopólio da verdade. Não existem “sabe-tudo”. Existem competentes especialistas em determinados assuntos, que possuem profundos conhecimentos sobre determinadas atividades, mas estes conhecimentos, isoladamente, não são suficientes para atingir os objetivos da corporação. Eles só se tornam verdadeiramente úteis e produtivos quando complementados por outros conhecimentos, experiências e habilidades. Portanto, sem a humildade de saber compartilhar, nenhum especialista está qualificado para integrar uma equipe de verdade. Desculpem a brincadeira, mas na minha modesta opinião, quem se supõe “dono da verdade” revela-se um “desparafusado”.

Resumo da ópera: todos nós temos parafusos frouxos que necessitam de ajustes. Ou até mesmo, em cada um de nós, pode faltar um ou mais parafusos que precisam ser repostos – porque o ser humano, apesar de maravilhoso, tem limitações e imperfeições. Entender e aceitar essa simples e óbvia premissa é confessar-se humilde e realista o suficiente para entender e praticar um verdadeiro e maduro profissionalismo.

Por fim: se a analogia do parafuso não ficou clara para algum leitor, sugiro substituir essa expressão por competência, habilidade  ou conhecimento. Dá no mesmo. O importante é que, qualquer que seja o nome que se dê a essa necessidade, ela poderá ser diária e mutuamente trocada, ajustada, complementada ou doada – se houver boa vontade e humildade.


homens parafusando

 

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Floriano Serra é psicólogo, escritor e palestrante, autor de vários livros e artigos sobre o comportamento humano nas empresas. Foi diretor de Recursos Humanos em empresas nacionais e multinacionais, recebendo vários prêmios pela excelência em Gestão de Pessoas. É autor de uma dezena de livros, como "A Empresa Sorriso" e "A Terceira Inteligência", e mais de 200 artigos sobre o comportamento humano - pessoal e profissional, publicados em websites, jornais e revistas, inclusive no Exterior.
E-mail: florianoserra@terra.com.br

Publicado no Portal da Família em 06/08/2008

 

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