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Como ajudar os filhos meninos a entrar na puberdade
Vidal Sánchez Vargas e Miguel Ángel Esparza

Sabemos que o crescimento não é igual nem tem o mesmo ritmo em todas as fases do desenvolvimento. A adolescência nos faz pensar, em primeiro lugar, na brusca mudança do ritmo do desenvolvimento. A puberdade supõe a transformação física do menino em um adulto. E isto ocorre em poucos meses, durante os que sofrerá mais mudança que durante os últimos anos juntos.

Se consideramos que na adolescência há diversa fases, a puberdade se apresenta como a primeira e como a mais brusca em sua aparição e conseqüência imediatas.

Costuma-se distinguir na adolescência três fases:
1. A puberdade, ou a primeira adolescência.
2. Uma adolescência média (que abrangeria o período entre os 14 e os 16 anos).
3. Uma adolescência superior, que terminaria em torno dos 20 ou 21 anos.

A puberdade supõe uma série importante de mudanças físicas e mentais e de maturidade da personalidade que devemos ver detalhadamente.

As mudanças físicas

Por puberdade se entende o conjunto de mudanças psicofísicas que supõem o início da adolescência. Puberdade e adolescência não querem, portanto, significar o mesmo.

Não há uma correspondência exata entre puberdade fisiológica e puberdade mental. Quando o desenvolvimento físico já está completo, na maioria das ocasiões, não podemos falar de verdadeira maturidade mental e emocional.

NOSSO FILHO DEVE SABER O QUE LHE ESTÁ OCORRENDO

As mudanças físicas vão ser numerosas. É fundamental que nem os pais nem o menino sejam pegos de surpresa. Antes de que se inicie este processo deve haver uma conversa pai-filho, para que o garoto vá compreendendo seu significado e sentido. Isto não vai solucionar seu desconcerto ante o descobrimento do novo mundo de sua intimidade, mas será uma ajuda muito importante. E, sobretudo, será uma porta cada vez mais firme de confiança entre ambos.

É IMPORTANTE ESTABELECER AS BASES DE
UMA VERDADEIRA CONFIANÇA E COMPREENSÃO

O primeiro aviso costuma ocorrer com a voz. Um dia parece gripado, como se estivesse rouco. Esta rouquidão irá e virá. Progressivamente a voz se tornará grave. Alguns meninos passam uma fase, breve, na qual têm freqüentes altos e baixos tonais. Nunca há regras fixas, alguns seguem com tom de voz aguda durante um tempo (em ocasiões, inclusive mais aguda que antes, para seu desespero). Mais de 75% dos garotos aos treze anos já “mudou a voz”.

Em torno dessa idade, também aparece o primeiro esboço de pêlos nas pernas, braços e nas axilas, assim como na região do púbis. Os sapatos aumentam o número e costumam aparecer os primeiros “pêlos” de bigode. O nariz, às vezes, fica desproporcional durante um tempo.
Este crescimento rápido e sem harmonia de certas partes de seu corpo não apenas pode causar inquietude, mas também certos problemas de coordenação motora, porque não têm tempo de adaptar-se a suas novas proporções.

Em 80% dos meninos, começa aos treze anos o que familiarmente se costuma chamar o “estirão”. Isto não ser verá completado, na maior parte dos casos, até os quinze ou dezesseis anos. A estatura é um motivo freqüente de preocupação e inquietude nesta idade. Com freqüência se medem e se comparam entre si. Para nenhum é algo indiferente.

Ao final dos catorze anos, os órgãos genitais já apresentam forma adulta. Entre os treze e catorze anos todos os meninos já tiveram sua primeira ejaculação noturna. Mas isto não que dizer que possamos falar de completa maturidade sexual. Se aos quinze anos todavia não se produziu essa primeira ejaculação noturna devemos recorrer a um especialista, para que comprove se o atraso é devido a alguma disfunção orgânica ou simplesmente a um período de maturidade mais lento.

A saúde costuma ser excelente. Além disso, o momento é de grande apetite. Desfrutam comendo, sobretudo os que fazem esportes.

O sono se regulariza, ainda que seja o menino quem prefira escolher a hora de deitar. Neste ponto há que ter cuidado, porque alguns tendem a escutar música ou ver televisão até altas horas da noite, porém não devem dormir menos de oito horas.

É possível que atravessem fases de certo cansaço físico. É natural, seu organismo está crescendo muito depressa e pode ser que necessitem um pequeno reforço, determinado por consulta médica.

Cada caso é único. O que se procurou fazer foi oferecer a pauta mais freqüente do desenvolvimento físico na puberdade.

O desenvolvimento mental

Costuma-se considerar que o desenvolvimento mental de um indivíduo está completo ao final da adolescência. O mais significativo é que o menino possui uma lógica ligada ao concreto, e se restringe a combinações simples; o adolescente já é capaz de manejar símbolos complexos, argumentar por meio de hipóteses e deduções que não se encontram ligadas de forma imediata com a realidade concreta que lhe oferece a experiência.

A chave de todo este processo mental reside no domínio do pensamento abstrato. Por exemplo, uma criança entende o que significa que uma coisa é bonita, ou que disse uma mentira, mas não é capaz de entender a beleza, a verdade etc. O adolescente já entende.

É este o motivo de que surja a necessidade de afiançar suas idéias, rebelando-se contra seu mundo anterior, que considera infantil e falto de justificação. A sua opinião cobra singular significado. Mas para poder opinar é imprescindível a reflexão.

A REFLEXÃO, A CRÍTICA E A AUTO-CRÍTICA PERMITEM AO ADOLESCENTE
CONHECER MELHOR O MUNDO QUE LHE RODEIA E A SI MESMO

O adolescente de catorze anos necessita interpretar, justificar etc. Seu mundo é aberto ao futuro, cheio de possibilidades e novidades.

A curiosidade do adolescente é insaciável, ainda que nem sempre está na linha do que deve aprender ou estudar. É curioso ver como, quando se interessa por um tema, recolhe infatigavelmente informação, analisa e pode chegar a acumular tal quantidade de dados que surpreenderá a qualquer perito.

Mas o que mais lhe interessa descobrir e analisar é seu próprio mundo interior. Um novo eu se apresenta diante dele, o que faz com que toda a realidade seja vista e compreendida a partir de uma nova perspectiva.

O descobrimento da personalidade

“Desconcerto” costuma ser a palavra-chave para expressar as reações do menino e as de seus pais. A causa mais imediata deste desconcerto é que tudo está mudando e ele não está tomando parte ativa nesse processo. As mudanças ocorrem e vão mais rápido do que ele é capaz de assimilar.

O traço mais significativo é o início do descobrimento da própria personalidade. Esta é, sem dúvida, a razão que, em última instância, justifica a rebeldia da adolescência. Rebeldia que, pelas dificuldades que comporta, tanto para o próprio adolescente como para os que com ele convivem adquiriu um sentido pejorativo. E isto é errôneo, pois essa rebeldia é o único meio para que o adolescente adquira autonomia e se converta em um ser livre e responsável de seus atos.

Esta rebeldia se manifesta em detalhes muito infantis, na maior parte das ocasiões. E, sobretudo, costuma ser grupal. A turma será o âmbito próprio das primeiras experiências do adolescente. Aqui está se falando de uma rebeldia bem encaminhada, e não de formas patológicas que desembocam em comportamentos anti-sociais e marginais.

Essa nova capacidade de utilização da inteligência, junto a uma imaginação mais rica, explica, em parte, a difícil adaptação do adolescente à realidade e a complexidade de suas relações com os demais e consigo mesmo. Assim, com freqüência, trata de superar sua insegurança, timidez e sentimentos de inferioridade, criando um mundo imaginário onde seu domínio e poder são totais.

Este mecanismo de evasão é normal em si próprio; patológico, se o adolescente não é capaz de superá-lo.
Outras vezes, a insegurança e o sentimento de inferioridade se disfarçam de prepotência, de insolência, até de violência. Estaríamos em outra situação limite, que poderia desembocar em delinqüência.

O descobrimento do eu

É evidente que a consciência que o adolescente forja de si mesmo e do mundo que lhe rodeia não depende apenas de sua nova capacidade de abstração, que é um processo evolutivo da inteligência comum a todas as pessoas, mas de vários fatores.

As experiências anteriores, a vida familiar e o ambiente no qual viveu, o desenvolvimento e educação que se deu à sensibilidade, a atitude que aprendeu e adota ante a cultura, são fatores que condicionam a atitude que o adolescente adota sobre si mesmo – embora não sejam totalmente determinantes: a pessoa humana é livre por natureza.

Se o descobrimento do mundo interior da pessoa se realiza no momento em que a estabilidade emocional é mais precária, a crise de personalidade pode chegar a converter-se em uma verdadeira crise espiritual.

Os pais devem estar especialmente atentos nestes momentos, embora não devam causar uma sensação de intromissão na intimidade do filho.

NA ADOLESCÊNCIA A VIDA INTERIOR SE DESPERTA, EM SEU SENTIDO MAIS PLENO

O descobrimento da intimidade, de que é uma pessoa única, diferente de todas as demais, costuma dar lugar a diversas manifestações. É freqüente que comece por fechar-se em si mesmo, passando longas horas “pensando” em... nada concreto e em tudo em geral.

Aqui a imaginação desempenha um papel fundamental, pois lhe proporciona a possibilidade de ensinar, realizar, derrotar. Em suma, oferece-lhe a imagem que gostaria de oferecer ao exterior, e que considera que não coincide com a real, repleta de reações que nem ele compreende.

Nessa busca em seu interior, os demais ocupam um lugar muito especial. Da mesma forma que ele se analisa e critica, em constante processo de auto-afirmação, analisa e crítica os demais. Necessita modelos, pautas de conduta atrativas para imitar, ”heróis” que dêem sentido a seu mundo, que descobriu cheio de defeitos e injustiças.

É neste momento que a imagem dos pais, sobretudo a da mãe no caso dos meninos, fica mais estacionada. O adolescente descobre que são simplesmente pessoas, com defeitos – virtudes agora se vêem poucas –, além disso, os pais parecem não se dar conta de que ele já é um adulto.

A reflexão e a meditação requerem certas condições de isolamento que nem sempre são entendidas pelos pais, ao interpretá-las auto-marginalização. Essa solidão é necessária, e deve ser respeitada. Isto é especialmente importante se durante este período de descobrimento da própria intimidade pretendemos ensinar-lhe que respeite, por sua vez, a intimidade dos demais.

jovem que não quer escutar


 

Adaptação do Capítulo I do livro “Seu filho de 13 a 14 anos”, de Vidal Sánchez Vargas e Miguel Ángel Esparza.

Publicado no Portal da Família em 23/08/2007

 

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