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Idosos com invalidez

Clara Janés / Luz María de la Fuente

Não são raros os casos de pessoas idosas que, por invalidez física ou mental, já não são capazes de valer-se por si mesmas, e que constituem objetivamente um fardo para os outros. Que sentido pode ter ainda a vida dessas pessoas?

Romano Guardini, em As idades da vida, responde-nos em dois planos a essa pergunta. Em primeiro lugar, o ancião inválido desempenha ainda um papel que, por mais passivo que possa ser, é de capital importância: o de ser sinal e penhor da felicidade de uma vida realizada. "Há [...] um tipo de anciãos que é uma bênção conhecer; neles, uma longa vida chegou ao repouso. O trabalho foi feito, o amor foi dado, a dor foi sofrida - mas tudo continua ali, presente no seu rosto, nas suas mãos, nas suas atitudes, e revive na sua voz. Tudo isso, foram eles que o construíram, aceitando continuamente aquilo que não podia ser mudado, lançando mão dessa bondade que sabe que o outro também existe e procura tornar-lhe fáceis as coisas, compreendendo que perdoar é melhor do que ter razão, que ser paciente vale mais do que ser violento, e que a profundidade da vida se encontra no silêncio e não na palavra" (As idades da vida, Quadrante, São Paulo, 1990, pág. 75).

Além disso, "envelhecer significa aproximar-se da morte, e, quanto mais velho se é, mais perto se está dela. E é só nessa proximidade que se consegue divisar a rocha-mãe da existência. Levantam-se as questões primordiais: é a morte simplesmente uma desintegração no vazio, ou é a passagem para a vida autêntica? Essa questão só pode ser respondida pela religião. É triste envelhecer sem crer em Deus, e não há palavras que possam fugir dessa realidade. O núcleo da vida do idoso só pode ser a oração" (ibid., pág. 75); e quando o é, o ancião irradia essa vida interior, que se reflete misteriosamente em todos os que se aproximam dele.

Do ponto de vista dos que têm obrigação de cuidar do inválido, o autor recorda-nos que "o dever do homem em pleno vigor para com o idoso não é importante apenas para este. [...] Há um perigo inerente à própria vitalidade do homem robusto: o de que essa vitalidade o torne rude e, em sentido profundo, faça dele um tolo. Os antigos diziam: a saúde torna o homem vulnerável ao seu destino. Cuidar do fraco protege o forte.

Ao compreender quanto o ancião necessita de ajuda, e ao moderar, mediante os cuidados de que o cerca, a sua própria sofreguidão por viver, o homem saudável protege-se contra muitas coisas que poderiam levá-lo à ruína" (ibid., pág. 73).


Fonte: "Aprender a Envelhecer", Clara Janés - Luz María de la Fuente, Editora Quadrante, São Paulo, 1994, pág. 20.

 

 

 

 

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