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Filhos do Consumismo

Como os pais podem ensinar os filhos a ser consumidores responsáveis se eles mesmos não o são?

Parece que as crianças estão sendo assediadas pela publicidade e os pais se vêem pressionados a comprar de tudo para elas.
No jornal francês La Croix (10 de maio), Christine Legrand consultou alguns especialistas para que comentassem esta situação. A jornalista começa com o comentário de Robert Rochefort, diretor do Centro de Pesquisas e Documentação sobre o Consumo: “As crianças são consumidores diretos e, cada vez mais, determinam o consumo”, afirma. “Isto começa em uma idade cada vez menor e se estende a um leque de produtos mais e mais amplo.”

Além de escolher seus brinquedos ou suas roupas, agora elas têm voz na escolha do carro da família ou do lugar onde passar as férias. Segundo cálculos do Instituto da Criança, órgão que realiza estudos sócio-econômicos sobre a infância, os pequenos franceses influenciam em mais ou menos metade dos gastos familiares.
Por exemplo: determinam 75% das compras de cereais e 73% das de iogurte, assim como a escolha do destino nas férias (43% dos casos) ou as atividades nas horas de folga (72%). Bem o sabem as empresas, que lançam suas mensagens diretamente às crianças ou as incitam a convencer seus pais a fazer certas compras.

Joël-Yves Bigot, diretor do Instituto da Criança, ressalta: “Há dez anos, as crianças influenciavam o consumo a partir dos 5 ou 6 anos, e era necessário esperar até a escola média para que pedissem um produto de uma certa marca. Hoje, começam a determinar o consumo aos 3 anos, e fazem questão das marcas a partir dos 6 ou 7 anos.” Isto se deve, em primeiro lugar, a um relacionamento social que começa mais cedo.

“Na França – explica Bigot –, a criança é escolarizada a partir dos 3 anos. Desde sua primeira experiência escolar, começa a se comparar com os colegas: o que levam às costas, o que comem, o que trazem no bolso. Seus primeiros pedidos surgem da comparação: tem inveja das coisas que vê com seus companheiros.”

Por outro lado, as famílias têm poucos filhos, e o filho único se torna quase um rei, com o qual se gasta cada vez mais com roupas e lazer, entre muitas outras coisas… por isso, mais que culpar o filho consumista, Robert Rochefort convida os pais a rever seu próprio comportamento: “A dedicação às crianças não pára de crescer”, afirma. Desde que a criança nasce, recebe o melhor, desde o leite até o berço.

“Há vinte anos – prossegue Rochefort –, a televisão fazia as vezes de babá; agora, os pais compensam sua ausência com mimos materiais, em uma espécie de truque afetivo com que aplacam seu sentimento de culpa latente.” Assim, pois, as crianças nem sempre são as únicas vítimas do sistema, sentencia Rochefort. “São, sem dúvida, filhos do consumismo, mas às vezes são mais críticos que seus pais.” Por exemplo, diz, as crianças não se deixam manipular tão facilmente pela propaganda: rejeitam certos produtos ou deixam de consumir outros.

De qualquer forma, é preciso estimular o sentido crítico das crianças. Os pais podem fazê-lo, ensinando-lhes certos valores, mas precisam dar exemplo. Assim o resume Nicolas Lebrun, da União Nacional de Associações Familiares: “Na prática, nem sempre é fácil para os pais ensinar seus filhos a ser consumidores responsáveis, porque eles próprios não o são.”


Interprensa - www.interprensa.com.br - Edição 37 - Julho 2000

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Como os pais podem ensinar os filhos a ser consumidores responsáveis se eles mesmos não o são?

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