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Sentimentos às Claras

Sílvio Reda

 

Às vezes, nos colocamos, à evidência, em uma contradição difícil de ser desmentida: somos perdulários, esbanjadores frente ao consumo de bens materiais e econômicos, verdadeiros sovinas no que toca à distribuição de nossos sentimentos e emoções.

Agimos, muitas vezes, como um cão. Tratamos nossos sentimentos, essas pérolas forjadas no dia-a-dia de nossas vidas, como meros ossos. Os enterramos em qualquer lugar do quintal da existência. Não permitimos que eles aflorem, que venham à tona. Passa o tempo e lá ficam os nossos sentimentos, as nossas emoções enterradas sem que sequer lembremos do exato local onde as enterramos.

Todo sentimento, toda emoção, na maior das vezes, existe para viver à flor da pele, para tomar banho de sol e, à noite, de lua. Quando conservamos o que sentimos no guarda-roupa, acabamos por amarrotar a nós próprios. O que era para ser usado com natural habitualidade se torna uma peça mofada, corroída pelas traças. Como se tornou fácil gastar em roupas, jóias, carros e complicado investir em amor, carinho e apreço.

Tantas e tantas vezes vieram, lá do fundo, as palavras de apreço, de carinho e de amor. E tantas e tantas vezes as engolimos à seco receosos, infantilmente, por pronunciá-las. Quantas vezes o olhar disse o que a boca, conjuntamente, também queria dizer. O ser humano, justo por ser o único de raciocínio mais apurado, é, com certeza, também o único ser que sentindo tudo o que sente, prefere sentir disfarçando que nada sente do que sentir demonstrando do que sente.

O que se leva da vida é a vida em si mesma vivida. Sendo assim, vamos desenterrar nossos sentimentos e nossas emoções dos quintais do receio e da desconfiança. Vamos abrir o guarda-roupa e tornar lúcido o que obstruíamos em nós próprios. Não se pode temer o que se sente, pois o que nos restará é somente o próprio temor. Uma existência pode chegar ao fim antes da morte, da mesma forma que pode continuar e prosseguir depois dela se, por onde passarmos, deixarmos, além das lembranças, a substância mesmo do mais honesto e puro afeto. O que predomina de nós é o que pensamos e o que sentimos. Essa é a verdadeira fragrância que exalamos.



A Fernanda Melchior Griggio, um Amor vivido e sentido às claras. Uma cumplicidade que nos espalha um no outro.



* Sílvio Reda é advogado, especializado em direito do consumidor, e Juiz Leigo em Porto Alegre.
email: beckreda@yahoo.com.br

 

 


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