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Sorrir

Fernando Sena Esteves

Alguém disse que se o Criador não tivesse bom humor não tinha criado o canguru. Se calhar também se podiam incluir a girafa, a foca ou o chimpanzé, o nosso bicho-primo mais parecido. Com uma diferença: é incapaz de sorrir, mesmo quando faz aqueles esgares cómicos (cómicos para nós, claro). Por quê? Talvez por uma razão análoga à que o torna incapaz de falar: não tem nada para dizer… De algum modo o sorriso ainda é mais humano que o falar, como um canto do coração. Que o diga a mãe ao ver o primeiro sorriso do bebé.

Na Rádio Televisão Portuguesa dizia António Lopes Ribeiro no seu memorável “Museu do Cinema” que a gente se lembrava de preferência dos filmes que nos faziam rir, como era o caso do Charlot, ou dos Irmãos Max, do Bucha e Estica ou até dos Três Estarolas.

Era cativante o bom-humor do apresentador, com o seu sorriso muito peculiar. E o bom humor não é só dos cómicos, é também dos santos. Quando uns antigos paroquianos foram de visita ao Papa S. Pio X e um deles lhe perguntou familiarmente se era verdade que fazia milagres, respondeu que “Aqui no Vaticano tem se fazer um pouco de tudo”. Santa Teresa queixava-se a certa altura a Jesus dos muitos sofrimentos que a afligiam. Tendo obtido a resposta de que “É assim que Eu trato os meus amigos”, retorquiu: “É por isso que tens tão poucos”. Ou o Padre Josemaría Escrivá num eléctrico de Madrid, vestido com a sua batina preta, numa altura dos anos 30 em que já era perigoso que um padre fosse reconhecido na rua como tal. O eléctrico ia apinhado e o sacerdote de pé, quando entra um trolha com o fato-macaco cheio de cal: foi pôr-se ao seu lado e volta e meia roçava ostensivamente a batina para a sujar, perante o gáudio de alguns passageiros e o repúdio silencioso de muitos que não se atreviam a manifestar-se. Ao sair, vira-se para o trolha, abraça-o e diz-lhe “Olha, meu filho, vamos lá acabar o trabalho”.

Mark Twain era muito admirado nos Estados Unidos e recebia muita correspondência, incluindo fotografias de homens que se achavam parecidos com ele. Normalmente não ligava a esses envios, mas numa bela ocasião, rapou da caneta e respondeu a um deles mais ou menos nestes termos: “Prezado Senhor: muito agradeço a fotografia que me mandou. De todas as que tenho recebido, é sem dúvida a que se parece mais comigo. Acho até que se parece mais comigo do que eu próprio, de tal maneira que resolvi pendurá-la no quarto de banho e fazer a barba diante dela em vez do espelho”. Mais conhecida é certamente a troca de telegramas entre duas grandes figuras do Séc. XX:

Convite de Bernard Shaw para Churchill:

- "Tenho o prazer e a honra de convidar digno primeiro-ministro para primeira apresentação minha peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver."
 
Resposta de Churchill para Bernard Shaw:
 
- "Agradeço ilustre escritor honroso convite. Infelizmente não poderei comparecer primeira apresentação. Irei à segunda, se houver."

Isto do sorrir tem muito que se lhe diga e, como noutras coisas, uma imagem vale mil palavras. Vai daí e pedi ao Director de “O Verdadeiro Olhar” que neste artigo colocasse um sorriso mais natural do que o que lá tem aparecido, e que pessoa amiga me mandou pela Internet. Internet onde aprendi, comecei a usar e até quase exclusivamente como saudação no fim das mensagens, o simpático :-) dos internautas.

E para acabar vai um dito dos Escoceses (tidos como forretas, tal como os Espanhóis fanfarrões e os Portugueses desenrascas):

O sorriso ilumina mais que uma lâmpada e não gasta energia.  :-)

 

Sorriso no céu

 


Fernando Sena Esteves é Professor Catedrático Aposentado da Faculdade de Farmácia do Porto e colunista do jornal Verdadeiro Olhar - www.verdadeiroolhar.pt

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