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Coluna "Imprensa"

Carlos Alberto Di Franco discute a "febre laicista"

Carlos Alberto Di Franco

São Paulo (SP) - «O laicismo é um dogmatismo secular, ideologicamente totalitário e fechado em sua ‘verdade única’»; afirma o articulista Carlos Alberto Di Franco.

Em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, Di Franco, que é diretor do Master em Jornalismo, professor de Ética da Comunicação e representante da Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra no Brasil, discute o laicismo como um novo fundamentalismo.

Segundo Di Franco, «o laicismo, tal como hoje se apresenta e 'milita' não é apenas uma opinião, um conjunto de idéias ou uma convicção, que se defende em legítimo e respeitoso diálogo com outras opiniões e convicções, como é próprio da cultura e da praxe democrática».

«Também não se identifica com a "laicidade", que é algo positivo e justo, e consiste em reconhecer a independência e a autonomia do Estado em relação a qualquer religião ou igreja concreta, e que inclui, como dado essencial, o respeito pela liberdade privada e pública dos cultos das diversas religiões, desde que não atentem contra as leis, a ordem e a moralidade pública».

«O laicismo-militante atual, no entanto, é uma “ideologia”, ou seja, uma cosmovisão um conjunto global de idéias, fechado em si mesmo -, que pretende ser a “única verdade” racional, a única digna de ser levada em consideração na cultura, na política, na legislação, no ensino, etc», afirma.

Di Franco explica que, «por outras palavras, o laicismo é um dogmatismo secular, ideologicamente totalitário e fechado em sua “verdade única”, comparável - sem exagero - às demais ideologias totalitárias, como o nazismo e o comunismo. Tal como as políticas nascidas dessas ideologias abomináveis, o laicismo execra - sem dar audiência ao adversário nem manter respeito por ele - os pensamentos que divergem dos seus 'dogmas', e não hesita em mobilizar a 'Inquisição' de setores da mídia, para achincalhar - sem o menor respeito pelo diálogo - as idéias ou posições que se opõem ao seu dogmatismo».

«Alegará que são interferências do pensamento religioso ou de igrejas, quando um democrata deveria pensar apenas que são outros modos de pensar de outros cidadãos, que têm tantos direitos como eles; e sem reparar que o seu laicismo-militante, dogmático, já é uma pseudo-religião materialista e secular, como o foram o comunismo e o nazismo».

«A humanidade, imaginam os defensores de uma cultura agnóstica e laicista, seria mais civilizada e feliz num mundo liberto das amarras espirituais. Será? Penso que não. Na verdade, a história das utopias da razão está manchada de sangue, terror e privação. Freqüentemente, salienta Oscar Wilde com boa dose de argúcia, 'as melhores intenções produzem as piores obras'», diz o articulista.

«A Revolução Francesa, por exemplo, não gerou apenas um magnífico ideário. A utopia de 1789, em nome da 'igualdade', da 'fraternidade' e da 'liberdade', desembocou no terror da guilhotina».

«A 2ª Guerra Mundial não foi acionada por gatilhos religiosos. O holocausto do povo judeu, fruto direto da insanidade de Hitler, teve alguns de seus pré-requisitos na filosofia da morte de Deus. Nietzsche, o orgulhoso idealizador do super-homem, está na raiz imediata dos campos de concentração e de extermínio programado. E não foi a religião que desencadeou o Arquipélago Gulag do stalinismo. Feitas as contas, com isenção e honestidade intelectual, é preciso reconhecer que o sonho racionalista projetou poucas luzes e muitas sombras», afirma.

«A utopia, concebida no ambiente rarefeito dos gabinetes intelectuais, padece do mal da abstração. Perfila um homem impecável, um sistema irretocável. Depois, ao topar com o homem real, com suas grandezas e misérias, não admite a evidência das limitações teóricas. Brota, então, o delírio persecutório, a síndrome da conspiração. Radicaliza-se o sonho. A abstração quer se impor à realidade. E o humanismo inicial cede espaço ao obscurantismo».

Para Di Franco, «o autêntico fenômeno religioso, ao contrário, só pode medrar no terreno da liberdade. Na verdade, entre uma pessoa de convicções e um fanático existe uma fronteira nítida: o apreço pela liberdade. O fanático impõe, fulmina, empenha-se em aliciar. A pessoa de convicções, ao contrário, assenta serenamente em suas idéias. Por isso, a sua convicção não a move e impor, mas a estimula a propor, a expor à livre aceitação dos outros os valores que acredita dignos de ser compartilhados. Sabe que somente uma proposta dirigida à liberdade pode obter uma resposta digna do homem».

«É preciso, sem dúvida, desenvolver o senso crítico contra os desvios da intolerância, do fanatismo e de certas manifestações de estelionato religioso. Mas não ocultemos os estragos causados pelo fundamentalismo racionalista. A isenção é o outro nome da honestidade intelectual. A busca da verdade não enfraquece o afã de liberdade. Ao contrário, é sua mola propulsora, pois a autêntica liberdade é a adesão voluntária à verdade que se impõe a uma inteligência lúcida, aberta e não condicionada por preconceitos ou interesses», conclui Di Franco.

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Fonte: Opinião em Foco - 02/02/2005

Carlos Alberto Di Franco, diretor do Departamento de Comunicação do Instituto Internacional de Ciência Sociais – IICS (www.iics.edu.br) e doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra, é diretor da Di Franco – Consultoria em Estratégia de Mídia (www.consultoradifranco.com).

E-mail: difranco@iics.org.br

 

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