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Coluna "Sala de Concerto"
Um Diálogo Perfeito

Wellen de Barros

O Brasil desembarca, na cidade de Perm - Rússia, através da elegância clássica da primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro - Cecília Kerche. Para dançar "O Lago dos Cisnes". Evidencia-se aí um encontro de almas como num profundo e perfeito diálogo de entendimento havido outrora entre compositor - Tchaikovsky - e intérprete - Cecília Kerche - , em que ambos escrevem a mesma história.

A música de Tchaikovsky somada a interpretação de Cecília Kerche no ballet "O Lago dos Cisnes" apresenta como tema central - o referencial humano, na coreografia de Petipa e Ivanov.

Sobre esse sacerdócio artístico, tão bem caracterizado nesse duo, Carl Jung diz: "O artista não é uma pessoa dotada de livre arbítrio para buscar seus próprios objetivos, mas sim alguém que permite que a arte realize seus propósitos através dele".

É natural associar Cecília Kerche à execução d'O Lago dos Cisnes de Tchaikovsky. É a forma inerente da resposta do artista à sua arte, porque ambos permitem esse total dispor em suas vidas, contribuindo diretamente no resultado final do espectador através da beleza do que se vê e ouve nessa trajetória humana de liberdade de criação e de lirismo.

"...como ser humano ele está sujeito a oscilações de humor, desejos e metas pessoais, mas como artista é um homem, no sentido elevado da palavra". (Carl Jung)

Tchaikovsky, não deixa dúvidas a essa colocação de Carl Jung, na sua trilogia de contos de fadas. - "O Lago dos Cisnes", "A Bela Adormecida", "O quebra Nozes". Esse poder lúdico transfigurador do artista está sempre presente. Em "O Lago dos Cisnes", a figura do Cisne, na Era romântica possuía um simbolismo muito forte.

No papel do intérprete, esse ser humano real funde-se com a figura doce de Odette, ora ser humano, ora cisne. Mas a altivez do artista é facilmente destacada pelas filigranas comportamentais a que seu personagem vivencia.

Cecília Kerche retrata a personalidade do compositor ao se transformar em Cisne: é capaz de nos fazer refletir sobre a prisão dos sentimentos a que estamos sujeitos. No seu momento de Odette, traduz toda a sensibilidade russa na perspectiva universal a qual estamos inseridos.

"...homem coletivo, isto é, alguém que carrega e dá forma ao lado inconsciente e psíquico da vida humana". (Carl Jung)

Tchaikovsky utiliza o paradoxo Odette - Odile para provocar no seu público esse universo de "Luzes e Sombras" presentes na consciência humana, e que é representada pelo coro de Cisnes que a todo momento é solidário a Odette. Estaríamos nós nesse imaginário coletivo de Tchaikovsky?

Odile traz à tona, nas palavras de Carl Jung a Psiquê mais ousada de "Odette" sustentada pela dicotomia existente na proposta do compositor: o lado bom e o lado mau que convivem na mesma pessoa.

Cecília Kerche e Tchaikovsky dão forma a esse "inconsciente coletivo", pelo caminho da sensibilidade a que são chamados pelo talento definitivo que os induz a aportar no coração humano.


Wellen de Barros
(22/05/05)



Wellen Barros - Primeiro Soprano integrante dos corpos artísticos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Coro). Preparadora artística de bailarinos premiados nos principais festivais de dança. Pesquisadora sobre música, dança, teatro e suas interpelações. Participante do grupo de estudo sobre o Dramaturgo William Shakespeare, sob orientação da maior especialista brasileira no assunto - Bárbara Heliodora. Administra o BLOG da primeira bailarina do Theatro Municipal - Cecília Kerche (Kercheballet - http://kercheballet.blogspot.com) e o BLOG Sala de Concerto (http://salaconcerto.blogspot.com).

E-mail: wellenmbarros@gmail.com

 

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